“A arte é tão importante quanto a matemática”

Cultura

Fórum discute inclusão de música como disciplina escolar

Rio Negrinho – “Precisamos derrubar o mito de que a arte é menos importante que outras disciplinas”, explica o presidente de honra da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem), Dr. Sergio Luiz Ferreira de Figueiredo. Ele falou sobre as alterações na lei de diretrizes e bases da educação, durante o X Fórum Catarinense de Educação Musical, realizado ontem (16)em Rio Negrinho. O evento ocorreu no Centro de Excelência.

A alteração foi assinada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) em agosto de 2008. O prazo para adaptação do sistema de ensino incluir a disciplina dentro do quadro educacional era de três anos letivos, os quais vencem em 2011. Ou seja, para 2012, a música já deverá estar incluída como conteúdo obrigatório dentro da disciplina de artes.

Conforme a nova lei, a música deverá fazer parte do ensino da arte, dentro das escolas, mas não deverá ser exclusivo. A discussão no fórum era de como colocar isso em prática. Durante a tarde de ontem, professores e profissionais das artes discutiram a melhor forma de aplicar tal lei no Estado.

Dentre os presentes, professores de São Bento, Campo Alegre, Mafra, Papanduva, Canoinhas, Três Barras, Rio Negrinho e alunos dos cursos de licenciatura em música da UFRGS e Udesc.

O ensino da arte

Para Dr. Figueiredo, a ideia da lei é mostrar a importância do ensino de artes nas escolas. Atualmente existe uma hierarquia, onde a arte não é tão valorizada dentro da escola. “Isso é uma herança do século 19. Hoje valorizamos só o que cai no vestibular”, argumenta.

A importância da arte, nas palavras do representante da ABEM, é visível. Caso não fosse importante, as paredes do auditório do Centro de Excelência não seriam pintadas e as cadeiras não eram vermelhas. “Precisamos de um professor preparado, com alguma formação musical para ensinar música”, observa. Na opinião de Figueiredo, até mesmo um pedagogo com algum tipo de formação em música pode lecionar artes e ensinar música.

Cuidado

Apesar da obrigatoriedade da música no currículo da disciplina de artes, não é qualquer um que pode lecioná-la. “Um professor formado em música, como é o meu caso, não pode dar teatro sem nunca ter feito teatro antes. Se eu danço, não faço escultura”, exemplifica.

A preocupação é para com a qualidade do ensino de música. Noções básicas estão não apenas na teoria e na simples formação de um coral, mas na prática de instrumentos também. Cada município é responsável pela forma como aplicará o ensino de música nas escolas. “Cadê o dinheiro para contratar mais professores e adquirir instrumentos”, questiona. Mesmo o aluno que não é afinado, pode aprender a disciplina.

Para o professor da Udesc, não existe “eu não nasci pra música”, pois talento é um mito. Existe apenas facilidade, dificuldade e habilidade para determinadas coisas. Cabe ao professor trabalhar isso junto ao aluno. “A arte pode ser muita coisa, mas não quer dizer que o professor precise ensinar todas, pois você estaria exigindo do professor que ele fosse um super-homem para lidar com tudo isso”, comenta.

Texto: Jean Carlos Knetschik

Publicado no jornal A Gazeta do dia 17 de julho de 2010