Seres
antropomórficos. Quando me pediram para escrever esta parte do diário de bordo
da viagem ao litoral, mais especificamente da nossa estada em São Chico, estas
duas palavras me vieram à mente. Talvez porque essa tenha sido uma constante no
tempo em que estivemos pelo município cercado por praias (também conhecido como
ilha).
A
estada na casa da artista plástica Vera Valença me fez pensar sobre várias
coisas, das quais não me recordo de nenhuma agora, mas enfim… Lições
importantes foram tomadas como: quando entrar no mar para cuidar da afilhada,
deixe os óculos que estavam pendurados na camisa, dentro de uma sacola distante
do mar, caso contrário ele se tornará oferenda para Iemanjá. Mas tem que ter
alguém para cuidar, caso contrário ele vai sumir do mesmo jeito.
Mais
uma coisa: argentinos dão péssimas gorjetas aos artistas de rua (ao menos os
que contribuíram conosco). Existem duas possibilidades para isso, a primeira é
porque são pão duros mesmo e a segunda que o trabalho não agradou tanto, o que
pode ser que seja bem provável, afinal de contas, ninguém pede para vir tirar
foto com artistas dos quais gostaram do trabalho. O importante de quando um
argentino pedir uma foto é estender o chapéu e disparar: “Cinco pesos”. Eles
vão recuar, mas você diz que estava brincando apenas. Depois que fizerem a
foto, estenda o chapéu e diga “agora são dez pesos, mas deixo por cinco”.
Dentre
as lições dessa passagem por São Francisco, ficam outras não menos importantes
como: o Fábio consegue correr à mesma velocidade que um carro de passeio pela
Beira-mar de Enseada. Quando um bêbado mexer com você, tenha certeza de que ele
vai querer te ferrar, portanto ferre com ele antes ou entre na brincadeira,
talvez você consiga cervejas de graça. Se for passear nas dunas, passe o protetor
inclusive nas partes onde o sol não bate e, quando usar maquiagem, passe o
protetor antes, pois depois ele não protege tão bem assim. Se procurar um local
com internet, peça uma água e fique o tempo que quiser. Nos dias seguintes
fique em local onde o dono do restaurante não te veja, sem pedir nada, usando o
note e a net deles de boa. Não queira ir para a Praia Grande, cortando caminho
pela Praia do Ervino, a suspensão do carro agradece. Em caso de apresentação na
chegada de passageiros de um barco turístico, sabote os trenzinhos próximos
para não conseguirem sequer ligar o motor e tenha certeza que o povo
bem-humorado ficará para acompanhar a peça até o fim. Bêbados, ao ver o
carrinho da peça, podem pedir uma bebida, mas também podem fazer a mesma contribuição
financeira duas vezes. Nunca, jamais, em tempo algum, brinque com o cavalo do
policial militar em Enseada, pois ele pode dar coice. E, por fim, antes de
jogar a bunda no sofá ao sentar, certifique-se que o mesmo não seja duro como
pedra. Ah! Sobre a peça e as apresentações? Bom, comento outro dia…
Hahaha... utilidade pública!
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